3 Pontos de Viragem Durante o Despertar Espiritual
Hoje, é evidente para quase todo o buscador espiritual que vivemos na era do despertar. No entanto, o despertar espiritual é mal interpretado.
Muitas pessoas pensam que o despertar e a iluminação são a mesma coisa, e que é um evento único que está a acontecer pela primeira vez e completaste o processo!. Pelo contrário, a verdade é que a iluminação é um processo que é na verdade uma série de despertares. Analisaremos três pontos de viragem mais importantes durante o despertar.
1. Despertar da Identificação
Cada momento da nossa vida se adapta à uma historia pessoal onde nós somos o centro da atenção. A nossa vida só pode ser interpretada no âmbito dessa história, porque nos identificamos com a voz do Ego, o narrador da nossa própria história, de uma forma tão intima que a nossa história pessoal torna-se a base de toda a nossa vida.
O que significa essa identificação? Significa que nós nos identificamos com uma forma (por exemplo o nosso nome) que originalmente não nos pertencia (todos nós nascemos sem nome), mas através da identificação, esta forma específica tornou-se uma parte da nossa existência.
Uma análise aprofundada sobre a história pessoal, mostrará que a nossa história interna consiste em um tecido de experiências e pensamentos. Pensamentos que revelam as nossas experiências, pensamentos que acreditamos e com o qual nos identificamos, pensamentos que no entanto, fornecerão as bases da nossa autodeterminação.
A nossa história pessoal nos mantém sob o seu feitiço, num estado hipnótico em que toda a nossa atenção é dedicada à voz interior e a história que ela conta. Desta forma, desistimos do nosso estado de alerta, e não nos apercebemos do mundo, porque apenas nos concentramos nos elementos da realidade que parecem confirmar a nossa história pessoal. Portanto, perdemos o nosso controlo sobre as dimensões mais profundas da vida. As dimensões mais profundas estão presentes em nossa vida, mas perdemos contacto com elas por causa da nossa falta de atenção.
A pergunta pode surgir em nós, se somos realmente idênticos à nossa história pessoal, ou talvez somos mais do que isso? Todo mundo tem uma vaga suspeita de que a nossa história pessoal não reflecte a realidade, estamos de fato num nível mais profundo do que isso.
Quando tudo parece estar bem na nossa vida pessoal, alcançamos os nossos objectivos, estamos felizes, e a vaga suspeita desaparece totalmente em nós, a identificação com a nossa história pessoal torna-se mais poderosa. Existem, no entanto, momentos em nossa vida quando nada parece dar certo, por isso, somos infelizes e sofremos. A suspeita, em seguida, cresce em nós, e tendemos a acreditar que somos mais do que o conjunto de pensamentos que constituem a nossa história pessoal. Percebemos que somos mais do que meros pensamentos.
Se nos tomarmos cintes e conscientes da nossa própria história pessoal que contamos a nós mesmos, temos a oportunidade de acordar do feitiço hipnótico da nossa própria história pessoal. Este é o primeiro ponto de viragem no processo de despertar.
2. Despertar do Ego
Quando a Consciência se identifica com uma forma, o Ego aparece. O Ego significa sempre algum tipo de identificação, autodeterminação (Eu sou um homem, Eu sou um pai, Eu sou Inglês, Eu sou um cristão etc.), portanto, o Ego depende da nossa identificação com as coisas que são importantes para nós.
O Ego é a figura principal da nossa história pessoal, com base no passado e olhando para o futuro. Os componentes do Ego são os pensamentos, as emoções, as memórias ( com a qual a pessoa identifica como “minha história”), funções inconscientes fixas e identificações colectivas ( nacionalidade, religião, etc.) . A maioria das pessoas identifica-se completamente com esses componentes do Ego, e para eles não existe nenhum Ser fora “deste”.
A identificação do Ego com as coisas ( objecto, o próprio corpo da pessoa, o modo de pensar) cria a ligação do indivíduo com várias coisas. O Ego ( e, portanto, a pessoa espiritualmente inconsciente) experimenta o seu / a sua existência, através da posse de vários objectos. A satisfação proporcionada pelo sentimento de posse é, no entanto, curto, de modo que o indivíduo geralmente continua a procura de novos objectos. Há uma forte motivação por trás dessa actividade do indivíduo, a demanda psicológica para obter mais, o sentimento inconsciente de “ainda não é suficiente”, este sentimento transforma-se em um desejo por mais. Este “querer” é uma força motriz mais poderosa para o Ego do que o “desejo” de possuir. Os sentimentos desconfortáveis, a imprudência, o tédio, o stress e a insatisfação são maioritariamente produtos do desejo insatisfeito por mais.
Pensamentos como “isso é meu “, “Eu quero isso”, “Eu preciso disso”, “não é suficiente”, pertencem à estrutura do Ego. O conteúdo do Ego muda com o tempo; ele é substituído por novos conteúdos. No entanto, nenhum conteúdo é capaz de satisfazer de forma duradoura o Ego, enquanto a sua estrutura permanecer no seu lugar. O indivíduo continua à procura de algo diferente, algo que garante uma maior satisfação, fazendo com que o sentido do Ser do indivíduo seja mais completo.
O Ego pretende elevar as formas (incluindo a sua própria forma ) para a eternidade, o que é impossível. Esta intenção do Ego será a fonte de todo o sofrimento, porque o seu mundo de formas deve desmoronar como um castelo de areia depois de algum tempo, até que a morte destrua a última das formas: o seu corpo. Ele veio de mãos vazias do Nada, e é assim que regressará. O único tesouro que pode levar consigo é o seu estado de alerta, mas o Ego considera-o inútil no mundo das formas, como se não fosse um meio de aumentar o poder do Ego.
O Ego não é mau, está simplesmente inconsciente. O Ego é o sonho mais profundo da Consciência. Se um indivíduo fosse capaz de perceber e observar as funções do Ego, ele ou ela seria capaz de transcendê-lo. Nesse caso, o indivíduo que tem procurado por uma percepção mais completa do Ser, reconhecerá que sempre esteve lá, mas as funções do Ego (identificação com objectos e pensamentos ) empurrou-o para o fundo. Uma das formas de transcender o Ego, é não reagir plenamente ao caleidoscópio de pensamentos e emoções em constante mudança, mas em vez disso concentrar-se na consciência alerta nos bastidores.
Na maioria das pessoas, o termo “consciência” identifica-se com o Ego socialmente condicionado. Em várias pessoas, esta identificação é tão forte que elas não sabem que a sua vida é governada por uma mente socialmente condicionada.
Aqueles que são capazes de ir além dessa identificação com a mente, reconhecem este estado, ou seja, o de estar socialmente condicionado, e estas pessoas também são capazes de abandonar o condicionamento social. Tal pessoa não se identificará com a mente, mas , cada vez mais, com a Consciência. O estado de alerta deve, portanto, controlar a mente com uma intensidade cada vez maior a qual manifestar-se-á através da mente tranquila.
Quando a nossa identificação com uma forma termina, cria-se um novo espaço entre nós e a forma e somos capazes de ver e reconhecer que não somos idênticos à essa forma. Com a dissolução da identificação, o Ego também desaparece. Este é o segundo ponto de viragem no processo de despertar.
3. Despertar do Estado de Alerta
A porta que nos conduz às dimensões mais profundas da vida é o estado de Alerta, que surge como um resultado da libertação da nossa atenção a partir do estado hipnótico de ouvir a nossa história pessoal. O novo estado de Alerta permite- nos aprender sobre nós mesmos, sem nos identificarmos com os nossos pensamentos e emoções.
O que nós experimentamos primeiro neste estado novo, de alerta, além de nossos pensamentos e emoções, é a plenitude da existência. Nesse estado, toda a fragmentação desaparece da nossa vida, reconhecemos o espaço interno da nossa existência, a nossa felicidade interior e a nossa tranquilidade. Nos sentimos em casa, na nossa própria pele, e percebemos que a nossa Consciência alerta está livre de todos os tipos de pensamentos e emoções.
Nesse estado de Consciência, abre-se para nós uma dimensão da existência completamente nova, mostrando-nos a Existência a partir de uma perspectiva completamente nova. A união por trás das controvérsias é revelada diante de nós, e já não insistimos em olhar para o lado positivo da vida, a medida que formos capazes de descobrir também a beleza no lado sombrio da vida.
Nós aceitamos a vida como ela é, e não a aceitamos sob pressão, visto que a aceitação é o resultado da nossa liberdade completa. Por sua vez, a liberdade é, fruto da nossa fuga do mundo das formas. Compreendemos e experimentamos o processo do despertar. Chegou a hora de assumirmos o controlo das nossas mentes, sempre que as circunstâncias o exigirem. Quando não mais precisamos directamente da mente, então devemos dar-lhe algum descanso.
Tudo em nós estará calmo e tranquilo, estamos além de todo o bem e de todo o mal, somos uma mera Consciência que não analisa ou julga, apenas contempla. Percebemos que a mesma alma que contempla vive em todos, portanto as diferenças entre os seres humanos são apenas superficiais, e no fundo somos todos iguais. Experimentar essa união nos trará o êxtase da Vida, a alegria perfeita da Existência.
Fonte:
http://powerofconsciousness.blogspot.it/2016/03/3-turning-points-during-spiritual.html#more
Frank M. Wanderer Ph.D. É professor de psicologia, investigador da Consciência e escritor. Frank é autor dos livros As chamas do estado de Alerta: Descubra o Poder da Consciência!, O Maior Obstáculo Para a Iluminação: Como Escapar da Prisão dos Jogos Mentais? e vários outros livros sobre a Consciência. Com um interesse contínuo sobre o mistério da existência humana, o trabalho de Frank é de nos ajudar a acordar da identificação com a nossa história pessoal e do mundo ilusório das formas e encontrar a nossa identidade naquilo que ele chama de “Milagre”, o mistério da Consciência. Visite o seu site AQUI.
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