Quem Realmente Somos?
Os Mistérios do Nosso Corpo
Os nossos órgãos sensoriais nos dizem que o nosso corpo é sólido e permanente. Na realidade, o nosso corpo muda permanentemente, assim como as correntes de um rio.
Quando inspiramos, 1.000.000.000.000.000.000.000 átomos entram no nosso corpo, eles são incorporados nas nossas células e, a mesma quantidade deixa o nosso corpo quando expiramos. 98% dos átomos do nosso corpo é substituído num período inferior a um ano: o fígado é completamente renovada em 6 semanas, a pele em dias, os ossos são totalmente substituídos em 3 meses e, o ADN é renovado em 6 semanas.
Os átomos do seu corpo, tal como existiam há um ano atrás estão todos fora do seu corpo actual: estão na atmosfera, no solo ou incorporados noutros organismos vivos, na relva e árvores … é assim que todo o planeta se recicla num ciclo perpétuo. Vivemos numa estreita interligação e interacção com todas as outras coisas, tudo está no estado de constante mudança e transformação.
A única coisa permanente é a mudança. Nós ainda experimentamos a permanência do nosso Ser.
É possível que não somos iguais ao nosso corpo?
No Cativeiro dos Pensamentos
- O que são os pensamentos?
O filósofo Descartes afirmou que, “Penso, logo existo!” Esta suposição errónea influencia a nossa identidade, mesmo nos dias de hoje. Os nossos pensamentos, assim como as células do nosso corpo, são constantemente substituídos por novos; um pensamento surge e depois desaparece e, novos pensamentos e ideias associadas com a anterior surgem num fluxo constante. Entre o fluxo de pensamentos, há um pequeno espaço. Este espaço é o espaço da Consciência, onde pode surgir um pensamento.
Estamos orgulhosos de ser capazes de pensar.
- Mas será que somos realmente aquele que pensa?
- Será que realmente controlamos os nossos pensamentos, somos nós que decidimos pensar?
Convido-vos a realizar um experimento simples, no entanto surpreendente:
Pegue um relógio ou um cronómetro e decida que você não vai pensar por um tempo, durante o tempo que conseguires!
Muito bem,
- Quanto tempo passou até surgir na sua mente o primeiro pensamento?
- 5-10 segundos?
- Conseguirias ficar sem pensar durante minutos?
Ficarás surpreso ao descobrir que: És incapaz de ficar sem pensar. O pensamento ocorre, ele surge em você. Os pensamentos pensam por ti e, não és tu que os tens. Não pensas de tua livre espontânea vontade (se dependesse de ti, podias simplesmente parar de pensar) e, você é incapaz de suprimir o pensamento ou mantê-lo sob controlo.
Não somos nós que pensamos, mas os pensamentos nos mantêm sob controlo com a sua força convincente. É o fluxo constante de pensamentos que esconde a existência da Consciência.
É por isso que os místicos medievais costumavam dizer:
“Entre você e Deus existe apenas o pensamento.”
A Armadilha das Nossas Emoções
As emoções funcionam da mesma forma: elas surgem e desaparecem no espaço da Consciência.
As emoções, influenciam as nossas vidas de forma considerável: elas são capazes de gerar dependência duradoura. Cada emoção tem o seu próprio neuropéptido, um tipo de hormona, criado pelo cérebro e enviado para as nossas células através da circulação do sangue. Estes péptidos são produtos químicos muito poderosos e, se continuam a bombardear as células por um período de tempo prolongado, criam dependência. Uma vez que te tornas viciado, vais, inconscientemente, te esforçar para criar situações na tua vida que te permitem satisfazer o teu vício. Se fores, por exemplo, um viciado em raiva, você vai procurar situações em que o vício da “raiva-peptídeo” das suas células sejam satisfeitas.
O nosso corpo não é permanente, ele é continuamente renovado – portanto, não podemos ser iguais ao nosso corpo. As nossas emoções e pensamentos também não são permanentes. O que nos referimos como “Ser”, por outro lado, existe permanentemente.
Chegou a hora de fazer a pergunta:
se nós não somos nem o corpo que muda constantemente, nem os pensamentos e emoções que mudam de forma, então,
- QUEM REALMENTE SOMOS NÓS?
O Reino do Mistério Final: A Consciência
Até agora, a ciência tem estudado o mundo até ao mais ínfimo pormenor: o corpo humano foi dissecado, desde os órgãos e células, até ao núcleo da célula. Mas quando as partes do corpo foram novamente unidas colocados, apenas restou um boneco sem vida – parece que de alguma forma a vida abandonou o corpo durante a dissecção. Sabemos tudo sobre a estrutura dos olhos de um rato comum, todo esse conhecimento está lá, embrulhado em termos latinos, números, estatísticas e equações. Mas a coisa pela qual sabemos muito pouco e, o que é provavelmente um dos últimos grandes desafios para a ciência do século 21 é a própria Consciência.
Dois peixes jovens estão a nadar e encontram um peixe mais velho. “A água está muito agradável hoje, não está?” O peixe mais velho cumprimenta-os educadamente. Os dois peixes jovens continuam a nadar e, depois de um tempo um deles pergunta. “Água? O que é a água?”
É através da Consciência que vivemos e experimentamos a nós mesmos e o mundo que nos rodeia. Uma vez que “nadamos” nela, somos incapazes de reconhecê-la. A Consciência é o próprio espaço onde surgem as sensações, emoções e pensamentos e, a imagem mental que criamos do mundo é projectada no imenso espaço da Consciência. As sensações, emoções e pensamentos continuam a fluir na nossa consciência e, a medida que nos concentramos nesses conteúdos, acabamos por ignorar o próprio espaço, que é o recipiente do conteúdo. Este espaço consciente é o nosso derradeiro Ser.
(Trecho do livro “O Milagre da Consciência“)
Fonte:
http://mindfulness.kery.org/2014/05/who-we-really-are.html#more
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