A Minha Experiência Com a Meditação Vipassana
Conheci a meditação Vipassana, através de um amigo depois de lhe ter contado que sentia uma forte vontade de aprender a meditar e depois de ter tentado técnicas que incluíam visualização, mantras, musica e, queria ainda aprender a meditação transcendental, mas por razões económicas não consegui aprender esta última, este amigo contou-me que um seu amigo tinha feito este retiro e estava muito satisfeito com a técnica, procurei o centro na Itália e fiz a minha inscrição.
O curso é realizado em forma de um retiro de 10 dias, com um horário diário muito rigoroso, o primeiro gong toca as 4:00 da manhã e, as 4:30 todos devem estar na sala de meditação, medita-se até as 21:00 as vezes até as 21:30, existem vários intervalos, para as refeições e descansos, mas não se faz mais nada a não ser meditar e meditar e comer e meditar e meditar e depois dormir.
Durante os dez dias todos os alunos ficam completamente desligados do mundo externo, sem contacto com parentes, sem poder ler ou escrever, não há radio nem tv, muito menos revistas, em poucas palavras uma imersão e observação interna. Observa-se o nobre silencio, ou seja durante 9 dias não é permitido falar, apenas nos horários de perguntas e respostas com o professor assistente, ou quando o aluno necessita de algo.
Foi um pouco difícil adaptar-me ao horário do centro, acordar as 4 horas da manhã não é o meu forte, ter o pequeno almoço as 6:30 era muito difícil e almoçávamos as 11 da manhã para depois as 17:00 comer apenas fruta ou se preferíssemos beber um copo de leite ou chá. A comida servida em todos os centros Vipassana é exclusivamente vegetariana e muito simples.
Há um objectivo por trás do fato de almoçar as 11 e depois apenas comer fruta, isso ajuda o meditador, porque de estômago parcialmente vazio medita-se muito melhor, algo que compreendi directamente, claro que o meu estômago reclamava todos os dias, mas não havia nada a fazer, estas eram algumas das regras do centro (todos os centros) e eu estava disposto a seguir as regras e tirar o maior proveito possível da minha permanência nele.
Como já disse, o curso é realizado em completo silencio, durante 9 dias não é permitido falar e há a separação de sexo, homens de um lado e mulheres de outro, tanto nos dormitórios como na sala de meditação, bem como na sala das refeições. Em poucas palavras, o curso é estruturado para que o aluno tenha pouca ou nenhuma distracção, durante anos e anos, desde que abrimos os olhos, o ser humano observa apenas o mundo externo, ninguém nos ensina a olhar para dentro, ninguém nos ensina a observar e compreender a realidade interna e essa técnica faz isso de uma forma incrivelmente linda e simples.

S. N Goenka & sua esposa Elaichi Devi Goenka
O curso é conduzido através de gravações do professor S.N Goenga e, existem os professores assistentes disponíveis para responder as perguntas dos alunos e garantir o sucesso do curso.
São 10 dias de intensa meditação, mas era exactamente o que eu estava a procura, cada dia ficava mais estupefacto com a técnica, tão simples e, tão pragmática e ao mesmo tempo cientifica, a minha sede pela meditação estava ser saciada da melhor forma, o camelo em mim bebia toda a água disponível neste deserto Vipassana.
A meditação Vipassana está dividida em 3 partes, Anapana, Vipassana e Metta. Nos três primeiros dias aprende-se a técnica Anapana, basicamente consiste em observar o respiro que entra e sai, sem forçar, sem controlar, apenas estar consciente do ar que entra e sai, tenho que admitir, fiquei maravilhado porque pela primeira vez na minha vida, aprendi a observar o meu respiro, era lindo e ao mesmo tempo um desafio enorme, a nossa mente é como um cavalo selvagem, tinha mais pensamentos do que podia imaginar e não conseguia estar realmente concentrado no respiro, sentia-me um “zero a esquerda” por não poder controlar os meus pensamentos, em algumas alturas me perguntava: se estes pensamentos eram realmente meus, então porque não os podia parar? Três dias de Anapana e com a mente mais tranquila e afiada, estávamos prontos para entrar na segunda fase, ou seja, Vipassana.
Fiquei sem palavras quando aprendemos Vipassana, não há palavras para descrever o que se vive, o que se sente, ou o que se experimenta, Vipassana abriu-me os olhos para um mundo completamente novo, o mundo da verdade experimentada, tendo lido muito sobre a natureza holográfica do universo, que não somos os nossos corpos físicos, que toda a matéria é criada por átomos e que os átomos não possuem alguma solidez e tudo que nós vemos como físico, na realidade é apenas energia e que o universo inteiro está dentro de nós, eu não podia deixar de estar estupefacto com esta técnica.
A Técnica Vipassana – Dhamma
Vipassana, é uma palavra Pãli da antiga língua da Índia e significa insight, ver as coisas como realmente são, trata-se de uma técnica cientifica mirada a explorar as leis da natureza, conhecidas como Dhamma e, tal exploração é feita dentro dos limites do nosso próprio corpo.
Vipassana é a parte prática dos ensinamentos de Sidarta Gotama mas conhecido mundialmente como o Buda, Sidarta tornou-se iluminado praticando esta mesma técnica há muito perdida para a humanidade e re-descoberta por ele e, durante os seus restantes 45 anos de vida não fez outra coisa a não ser ensinar a técnica para todos aqueles que estavam preparados a recebe-la.
Dhamma, a lei universal ou a lei da natureza, sempre existiu e sempre existira, Sidarta apenas a re-descobriu, assim como Isaac Newton re-descobriu a lei da gravidade.
A técnica de meditação Vipassana, baseia-se na aprendizagem da observação objectiva das sensações presentes no nosso corpo, as sensações são o ponto de encontro entre a interacção da mente e a matéria. É um processo lógico de purificação mental, a nível profundo, subconsciente através da auto-observação.
Durante o curso, notei que perdi completamente noção do tempo, era lindo estar desligado de toda a tecnologia por 10 dias, sendo que o centro esta localizado na montanha e longe da cidade, o único barulho era o dos pássaros, insectos vários e, o imenso silêncio da noite, as estrelas no céu eram lindas, algo que quem vive na cidade nunca pode desfrutar de tamanha beleza.
Não podia acreditar no que estava a experimentar, estava a viver a minha experiência, a minha verdade, o corpo morre constantemente e a mente sobrevive, a mente nunca morre, (pelos menos no nosso nível – quando se atinge o Nibana/Nirvana, não há mente) através da experiência directa, pude perceber como surgem os átomos e como desaparecem, como o corpo nasce e morre e, como a mente/consciência permanece.
Encontro Com Um amigo de Uma Vida Passada
Num dia normal de meditação, enquanto caminhava, o professor assistente passou ao meu lado e, do nada, desencadeou-se em mim uma forte sensação de já o ter visto antes, parei e olhei para ele, estupefacto do que estava a acontecer e, quanto mais olhava para ele, mais aumentava a sensação de o conhecer e de repente sabia que o conhecia de uma vida passada, éramos amigos e, praticávamos essa técnica juntos, era muito forte essa sensação e o facto d’ele não se lembrar de nada era, divertido, normalmente as 12:00 os alunos podem encontrar-se com o professor e esclarecer as suas duvidas sobre a técnica, e assim fui, expliquei o que sentia e ele apenas disse-me que vinha do Canada e que nunca esteve em África, compreendi que era uma resposta prudente, nem todos acreditam e estão cientes das suas vidas passadas e os professores fazem o possível e o impossível para não falar disso, eles incentivam a prática, porque com ela o meditador passa por várias fases e há uma em que se recorda todas as vidas passadas assim como se tem conhecimento sobre a próxima vida. Foi lindo e triste ao mesmo tempo, era como ver um amigo e ele não se lembrar de ti e visto que ele não se lembrava de nada, tive que dizer adeus com todo meu amor e carinho.
Fazendo Voluntariado No Centro

Graciano, numa missão “possível” de fazer o molho de bechamel, ficou divino.
Os cursos de meditação Vipassana são financiados exclusivamente por alunos que tenham completado um curso de 10 dias, este financiamento é feito através de dana ou seja, doações. Ninguém recebe um único tostão, nem mesmo os professores assistentes, todo trabalho é feito por voluntários, que vêm oferecer o seu tempo e serviço e, quando fiz o meu curso pude ver muitos voluntários, uns limpando as casas de banho, outros cuidando dos trabalhos de manutenção e, muitos outros a trabalhar na cozinha.
Fiz mais de um mês servindo e, foi uma experiência muito bonita, já servi no passado em alguns cursos, mas todos durante apenas dez dias, desta vez decidi ficar mais tempo. Trabalha-se muito, porém temos tempo de descanso e 3 horas por dia de meditação, a interacção com pessoas de diferentes nacionalidades, línguas e culturas é a parte mais divertida, é uma atmosfera realmente poderosa e calorosa. Para mim foi também uma oportunidade única para sentir diferentes energias e claro dar uma olhada nas auras dos outros voluntários e dos alunos e claro sem esquecer os professores.

último dia de um curso de meditação, muito trabalho, mas o amor que se sente é simplesmente “divino”

Um encontro bonito entre dois seres em corpos diferentes.
Todos vêm com o mesmo objectivo, servir e servir, servir pessoas desconhecidas, enfraquecer o ego, porque tens a oportunidade de dar sem esperar nada em troca, o maior pagamento é ver todos felizes e alegres com os rostos radiantes, prova-se muito amor e compaixão, acredito que o ser humano é muito melhor daquilo que vemos, todos nós possuímos amor infinito, alegria infinita, bondade e compaixão infinita, essas qualidades estão apenas adormecidas a espera de serem despertas.
Nunca senti tanto amor pelas pessoas como tenho sentido, a conexão com algumas é muito forte, a imensa gratidão simplesmente por vê-las, a vontade de abraçar e de dizer te amo irmão ou irmã, mas infelizmente ainda não estamos preparados para isso e, é preciso guardar estes sentimentos, as vezes sentia a dor de algumas pessoas, tão forte, tão intenso que era preciso me concentrar para não chorar.
Uma imensa onda de gratidão me invadiu nos últimos dias no centro, tão forte que chorei, não sei se era gratidão de que, mas era lindo e poderoso.
Tudo o que nós precisamos é uma oportunidade de sermos melhores e de fazermos melhor, precisamos de nos dar essa oportunidade, de fazer o bem, de fazer a diferença no nosso pouco e onde somos mais eficazes, o caminho para a libertação está intrinsecamente ligado ao serviço ao próximo, a desenvolvermos essas qualidades divinas que todos possuímos e, juntos ajudarmos-nos uns aos outros a sermos mais e mais iluminados, livres da dor, da miséria e, de todo o sofrimento.
Que todos os seres sejam felizes.
Por: Graciano Constantino
Graciano Constantino oferece tratamentos de Cura Energética. O tratamento pode ser feito pessoalmente ou a distância, normalmente através do Skype ou se preferir basta simplesmente uma foto recente de modo a facilitar a conexão. Actualmente vivendo em Turim – Itália, Graciano dedica uma parte do seu tempo na arte da cura, trabalhando com plantas e também animais. Saiba mais sobre Graciano Aqui
Para saber mais sobre a técnica visite: Cura de Pura Energia
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