Ex-Primeiro-Ministro Britânico Gordon Brown Pede Um Governo Mundial Para Combater O Coronavírus
“Quanto mais intervém-se para lidar com a emergência médica, mais coloca-se a economia em risco”, diz Gordon Brown. Foto: Victoria Jones / PA
Gordon Brown instou os líderes mundiais a criar uma forma temporária de Governo Mundial para enfrentar as crises médicas e económicas causadas pela pandemia do Covid-19.
O ex-primeiro ministro Trabalhista, que esteve no centro dos esforços internacionais para combater o impacto do quase colapso dos bancos em 2008, disse que havia a necessidade de um “grupo de trabalho” que envolvesse líderes mundiais, especialistas em saúde e os líderes de organizações internacionais que teriam poderes executivos para coordenar a resposta.
Uma reunião virtual do grupo dos países desenvolvidos e em desenvolvimento do G20, presidido pela Arábia Saudita, será realizada na quinta-feira, mas Brown disse que seria preferível ter incluído também o Conselho de Segurança da ONU.
“Isso não é algo que pode ser tratado por apenas um país”, disse ele. “Tem que haver uma resposta global coordenada.”
Brown disse que a crise actual era diferente daquela em que ele estava envolvido. “Esse era um problema económico que tinha causas económicas e solução económica.
“Esta é antes de mais uma emergência médica e é preciso que haja uma acção conjunta para lidar com isso. Mas quanto mais intervém-se para lidar com a emergência médica, mais coloca-se a economia em risco.”
Durante a crise financeira, Brown persuadiu outros líderes globais da necessidade de socorrer os bancos e, em seguida, organizou uma reunião do G20 em Londres, que apresentou um pacote de resgate de 1,1 bilião USD.
Apesar da política de “América em primeiro lugar” de Donald Trump, ele disse que ainda era possível obter apoio para um órgão de emergência com poderes executivos.
Brown disse que o seu “grupo de trabalho” global proposto, combateria a crise em duas frentes. Seria necessário haver um esforço coordenado para encontrar uma vacina e organizar a produção, a compra e evitar os lucros.
Muitos países anunciaram pacotes económicos nas últimas duas semanas, mas Brown disse que um “grupo de trabalho” poderia; garantir que os esforços dos bancos centrais fossem coordenados; tomar medidas para impedir a fuga recorde de capital das economias emergentes; e concordar com uma abordagem conjunta do uso dos gastos do governo para impulsionar o crescimento.
Brown disse que houve resistência em 2008 em usar o G20 como veículo para enfrentar a crise financeira, mas que deveria ficar claro para os líderes mundiais que não havia possibilidade de que uma abordagem autónoma funcionasse.
“Precisamos de algum tipo de executivo operacional”, disse Brown. “Se eu fizesse isso de novo, tornaria o G20 numa organização mais ampla porque, nas circunstâncias actuais, é necessário ouvir os países mais afectados, os países que estão a fazer a diferença e os países onde há potencial para um enorme número de pessoas a serem afectadas – como as da África.”
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional precisam aumentar o seu poder de fogo financeiro para lidar com o impacto da crise nos países de baixa e média renda, disse ele.
Fonte:
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